
A mais ou menos uma semana atrás eu estava conversando com uma amiga, psicóloga, que acabou de ter bebê.
Ela está amamentando o bebê e ainda amamenta em revesamento o seu outro filho que acabou de fazer três anos.
Achei uma façanha para nossos tempos. Ao mesmo tempo que achei maravilhoso.
Eu amamentei meus dois filhos. O mais novo até os 2 anos e meio.
Comentamos também sobre as inumeras críticas que surgem sobre amamentar mais tempo ( e em seu caso dois ao mesmo tempo). É uma dádiva.
Precisamos criar vículos com nossos filhos e essa é uma das maneiras.
Hoje, li um artigo falando da psicoterapeuta familiar argentina, Laura Gutman, que é especialista em atendimento de casais e de mães de crianças pequenas.
Em seu último livro, La Revolución de las Madres, el Desafío de Nutrir a Nuestros Hijos (A Revolução das Mães, o Desafio de Nutrir Nossos Filhos, em tradução livre), ela fala sobre a realidade emocional das mulheres que se tornam mães e sobre o universo dos bebês.
– Nutrir emocionalmente o outro e, sobretudo, nutrir os filhos, significa nos despojarmos das necessidades e desejos próprios – diz Laura.
Para a especialista, o mundo no qual a mulher enfrenta a maternidade cada dia mais tarde – em favor de um crescimento profissional e uma atividade social intensa – não está combinando muito bem com as mulheres. É aí que surge a abundância da chamada “fome emocional”.
Segundo Laura, muitas mães passam o dia medindo “o que é que obterão”, mas quase nunca prestam atenção “ao que oferecem” aos filhos.
“A maternidade, atualmente, perdeu o valor social que dava à mulher e, no entanto, se avalia o espaço social que ela foi ganhando: atividade profissional, viagens, liberdade. A verdadeira revolução acontece no âmbito das emoções, do carinho, do afeto. Se as mães encontrassem o apoio necessário na criação dos filhos, a criança cresceria mais segura, mais em seu eixo e com maior capacidade para dar. Um mundo mais amável se constrói a partir de um lar. Mas, no entanto, a tarefa realizada nesse âmbito não está sendo valorizada.”
"A criação de um filho envolve muito trabalho. Com o nascimento de uma criança há uma energia feminina de entrega, que nos homens não ocorre de maneira natural, apenas em alguns casos. A família do tipo nuclear está desaparecendo, aquela na qual os avós, tios e primos também se ocupavam do cuidado e das necessidades da criança. Estamos sozinhos demais e é preciso combater essa circunstância."
“A criança precisa de pais com uma grande abertura emocional, que não estejam condicionados aos comentários externos e respondam às necessidades da criança. Um bebê pede o peito e alguém diz “não, não o toque”.
Prestamos muita atenção nas opiniões dos outros e não escutamos a criança, que talvez precise mamar de novo. Ninguém pede o que não precisa. Devemos permanecer abertos à criança e fechados aos demais. Isso é fazer a revolução, e provocar que a criança cresça sob o amparo do amor, assim se conseguem indivíduos generosos com os demais, adultos que não pensarão apenas em si mesmos.
Se a criança estiver satisfeita, ela é muito generosa em seus afetos e em criar bem-estar em seu entorno. As crianças amadas e amparadas são pacientes, compreensivas e respeitosas. Se uma criança reivindica atenção e afeto dos pais, e não os recebe, desviará a necessidade para outro lado, como consumir chocolate ou guloseimas de maneira compulsiva. A criança marca seus limites quando está satisfeita em seus afetos, em sua alimentação, em seu desejo de estar nos braços da mãe.” ZH | MEU FILHO - EFE