quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A Resposta...

 Francis Church, redator do The Sun, com relutância e hesitação
tomou a si a tarefa de responder à carta de Virginia. Contudo, tendo
começado a escrever, as palavras saltaram rápidas sobre o papel, e assim
surgiu a seguinte carta:

Virginia:
          Tuas amigas não têm razão. Elas sofrem de uma doença péssima e
que mais tarde trar-lhes-á ainda muitas dores. Toma cuidado para que essa
doença não te pegue. Trata-se de uma doença de alma. Nós, os adultos,
chamamo-la de incredulidade, espírito de crítica, falta de inocência. Tuas
amigas e outras pessoas que tentaram te convencer pensam que são sábias e
espertas, porque só admitem como real aquilo que podem ver com os olhos e
tocar com as mãos. Contudo, elas não sabem quão pouco é isso!
              Ora, pequena Virginia, imagina todo este imenso Globo
terrestre com seus lagos e montanhas, com seus rios e mares, e, pairando
sobre nossas cabeças, o céu infinito com suas miríades e miríades de
estrelas. Imagine quantas espécies de seres existem no mar, nos ares e sobre
a terra. O homem é apenas um entre milhares de seres, e ademais quão
pequeno! Diante das imensidões do universo, ele é pouco mais do que um
besouro ou uma formiga. Como então pode o homem ver tudo o que existe e com
seu pequeno entendimento querer explicar todas as coisas?
          Sim, Virginia, existe o Papai Noel! Tão certamente quanto
existem o carinho e a alegria, o amor e a bondade, os quais, porém, não
podemos ver com nossos olhos e apalpar com nossas mãos. Mas tudo isso
existe. Tu mesmo já os experimentaste. E não trazem eles beleza e alegria em
tua vida?
          Ah, como seria triste o mundo sem o Papai Noel! Tão triste como
se não houvesse mais Virginias, como se não houvesse mais os contos de
fadas, os anjos, as canções, as histórias infantis escritas pelos poetas.
Ou, pelo contrário, só houvesse gente que jamais se encanta com nada, que
jamais sorri! Então estaríamos todos perdidos. E aquela luz eterna, que
jamais se apaga, com a qual as crianças iluminam o mundo e que acompanha
toda criancinha que nasce, esta apagar-se-ia para sempre.
          Não acreditar no Papai Noel?! Então ninguém mais precisaria crer
em fadas e anjos. Tu poderias convencer teu pai a colocar vigias diante de
cada chaminé, na noite de Natal, para que eles pudessem agarrar o Papai
Noel. O que ficaria então provado se eles não o vissem descer pela chaminé?
Ora, ninguém vê o Papai Noel! Isso porém não prova que ele não existe. As
coisas que neste mundo são verdadeiramente reais, não as podem ver nem
crianças nem adultos. Já viste alguma vez uma fada dançar sobre os prados
floridos? O fato de não a teres visto não prova que a fada não dance na
pradaria. Ninguém pode compreender todas as maravilhas invisíveis do
universo.
          Tu podes bem desmontar um chocalho de bebê, a fim de ver como se
produz propriamente o ruído das pedrinhas que se chocam umas contra as
outras. Porém, sobre o mundo invisível há um véu estendido, o qual não pode
ser rasgado nem mesmo pelo homem mais forte da terra, e nem sequer pela
força conjunta de todos os homens fortes de todas as épocas. Somente a fé e
a caridade podem levantar um pouquinho a ponta deste véu e assim contemplar
a beleza e o esplendor sobrenaturais que se escondem atrás dele.
          Será tudo isso realidade? Ó, Virginia, sobre a Terra não há nada
de mais real, de mais verdadeiro do que isso! Graças a Deus que o Papai Noel
vive e viverá eternamente! Nos próximos mil anos ? oh! que digo, pequena
Virginia --, nos próximos 10 mil anos multiplicados por outros tantos mil
anos, o Papai Noel continuará a fazer com que os corações puros das crianças
se alegrem e batam com mais força na abençoada noite de Natal.

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