
Ainda sobre mercado de trabalho e os preconceitos em relação à maternidade...Joji Ueno, fala em seu artigo:
"Com mais de duas décadas de atuação no campo da reprodução humana, costumo me deparar com uma realidade triste. Quando chegam à meia-idade, cerca de 30% a 50% das mulheres com uma carreira bem-sucedida nunca passaram pela maternidade. Trata-se de um segredo doloroso e muito bem guardado.
Essas mulheres, porém, não optaram por essa condição. A grande maioria quer muito ter filhos. Há mesmo mulheres que fizeram tudo o que estava ao seu alcance para engravidar: sujeitaram-se a procedimentos médicos complexos, gastaram o que podiam e até arruinaram suas carreiras, muitas vezes, em vão, visto que tais esforços são despendidos, em geral, tarde demais. A típica mulher de meia-idade realizada profissionalmente não chega a essa condição por opção, e sim porque, a contragosto, viu-se sem outra saída.
Por que uma coisa tão antiga como ter filhos tornou-se tão complicada para mulheres com alto grau de eficiência profissional?
Quando se fala em carreira e paternidade, os profissionais bem-sucedidos não têm de lidar com nenhum tipo de opção muito difícil. De modo geral, quanto mais realizado o homem, maior é a probabilidade de que se case e tenha filhos. Com as mulheres ocorre o inverso.
As mulheres pagam um preço maior pela ascensão profissional porque os primeiros anos de ascensão profissional se sobrepõem, quase que exatamente, aos anos mais apropriados para a maternidade. É difícil diminuir o ritmo nos estágios iniciais, acreditando que mais tarde será possível compensar o atraso."
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